O Tempo sempre existiu e sempre vai existir. Quando ainda não se definia o que era haver, o tempo já havia. Ele passou uma eternidade tentando saber o que era o tempo, e outra admirando sua beleza quando descobriu.
Mas, em algum momento, o Tempo cansou de apenas ser; e decidiu que queria estar. Acontece que ele não sabia como passar de um para outro, e gastou uma eternidade pensando como fazer a mudança.
De tanto pensar, encontrou uma forma. Então, em um movimento de dentro para fora, o Tempo se tornou Espaço, mas ainda era Tempo. O Espaço era vazio e escuro. E, pela primeira vez depois de tanto tempo, o Espaço, que já tinha sido Tempo, sentiu-se só. Mas não tinha tempo para pensar no que fazer, e tinha ficado grande demais para se mexer e mudar para outra forma. Achou que o melhor a fazer era se adensar um pouco e criar companheiros.
Em um soluço, criou três entidades, que viriam a ser chamadas de Trindade Absoluta. Curioso com suas criações, o Espaço indagou a elas o que eram.
- Eu sou a essência da criação, com poderes de preencher o vazio com matéria. Posso dar a forma que quiser e gerar o que bem entender. Quero me chamar Nalus.
Menos afoito e mais certo do que dizer, o próximo disse:
- O nada é meu objetivo, sou a negação da existência. Separo, acabo, destruo, reduzo. Não vou ter denominação diferente de Trifan.
Tímido, pensativo, observador e levemente contemplativo, o terceiro decidiu se pronunciar:
- Vão me chamar de Cuzio, mas não queria ter esse nome para sempre. Entretanto, não tenho outra escolha. Sendo assim, decidi que vou ser o espírito da mudança, o ente destinado a não permanecer, mas alterar. Não crio, como meu majestoso irmão Nalus, nem destruo, como o incisivo Trifan, também sangue do meu sangue. Serei a força que influencia suas ações, tomando posse de produto deles e modificando a meu prazer. Serei dono das coisas mesmo sem poder fazê-las minhas.
Ouvindo o que fora proferido pelos três, e maravilhado com o que fizera, o Espaço chorou, e suas lágrimas são a fonte da vida.
Há 5 anos
2 comentários:
Muito bom, Lucas! Gostei desta fábula aqui porque, afinal, eu tentei muitas vezes tentar fazer um conto sobre a Criação do Mundo, mas não teria como sair melhor do que este aqui que você escreveu... Gostei mesmo, parabéns!
André Braga Somora
Muito boa história Lucas, criatividade de quem ja conhece ciência e religioes! Continue escrevendo essa saga! Abraco
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